Podia ser a Amanda Vital
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Pra começar, leia-se:
roda
em dia de samba eu fico misturando feijão tropeiro
em fogareiro velho sobre uma mesinha de alumínio
toda pintada de branco armada na quina da varanda
fico separando prato garfo distribuindo guardanapo
espanando farofa do avental ao tabuleiro de doces
em dia de samba eu quero chegar só para ver gente
quero ver a boca cheia e feliz dos meus camaradas
quero ver tapa na cara de homem safado no samba
botado pra fora pela camisa até a parada de ônibus
quero ver as meninas douradas de pernas douradas
dançando pra cegar todos os penetras desavisados
e ver as velhas silenciosas cortando pelas beiradas
atirando linguiças cheias de couve a cães famintos
galera me chama menina mas você não samba não
eu olho os meninos mirrados de canela fina com os
copos americanos deslizando úmidos pelos dedos
digo nem sei: o samba que sei é isso aqui e é tanto
que se eu me descuido até me transborda do tacho
Amanda Vital
É impossível ficar neutro às palavras de Amanda. Tudo que escreve nos desafia, instiga, estimula. De forma direta ela nos leva a passear por uma forma peculiar de sentir e de descrever a realidade. Seja bem vindo a um universo de reflexão sem pausas pra respirar.
Poesia viva, vívida, pulsante.
Ela é editora-adjunta da revista Mallarmargens, mestranda em Edição de Texto pela Universidade Nova de Lisboa e estagiária na editora Ponto de Fuga. Autora dos livros de poemas Lux (Penalux, 2015) e Passagem (Patuá, 2018) e da plaquete Perspectiva, publicada pela revista Mirada (2020). Tem poemas e traduções em revistas, jornais e suplementos literários do Brasil e de Portugal, além de publicações em antologias. Foi uma das curadoras da 4ª edição da coletânea Carnavalhame (2020) e participou, junto da revista Mallarmargens, da organização do "9º Raias Poéticas: Afluentes Ibero-Afro-Americanos de Arte e Pensamento", apoiado pela Câmara Municipal e pela Casa das Artes de Famalicão, em Portugal, com curadoria de Luís Serguilha, Marcelo Ariel e Nuno Rau. Organizou e editou antologias através do selo da revista Mallarmargens.
Este blog chama-se portugaltem porque busca mostrar coisas boas desse lado do mundo. Amanda Vital é poesia. É ousadia crítica filosófica em versos sem perdões nem fugas. Visite a página, deguste, e viaje para o mundo de Amanda Vital.
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